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Bruno Pereira de Oliveira desenvolveu uma patente que pretende identificar os tipos especiais da bebida por meio de processos físicos

Café: consumido por 97% dos brasileiros, segundo levantamento do Instituto Agronômico, em parceria com o Instituto Axxus e a Universidade Estadual de Campinas, ele está presente na mesa de muitos — seja no café da manhã, pós-almoço, ou no café da tarde.

No mundo, o café é a segunda bebida mais consumida — ficando atrás apenas da água. Entre 2021 e 2022, foram produzidas 170,83 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 164,9 milhões de sacas consumidas. Mas nem todo café é igual. Existem aqueles cafés chamados gourmet. A principal diferença destes para os outros é o tipo de grão.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostram que, em abril de 2023, a venda de cafés gourmet e especial cresceu 84,80% quando comparado com o mesmo período de 2022.

Foi pensando em auxiliar as empresas de uma forma mais consistente a precificar a safra conforme a qualidade que Bruno Pereira de Oliveira, doutor em Física pela USP São Carlos e degustador de café, está desenvolvendo uma máquina capaz de fazer esse trabalho.

Diferencial

Bruno Pereira de Oliveira – Foto: Arquivo pessoal

Existem sommeliers de vinho, cerveja, uísque e também existem os degustadores de café. Estes, obviamente, são seres humanos, mas será que não é possível implementar a inteligência artificial nesse processo de seleção de grãos de café também?

“Quando eu degustei o café eu falei: ‘Esse café é um café especial, bebida doce. Mandei meu relatório para a empresa e os avaliadores também fizeram a avaliação e mandaram os dados deles. Só que houve uma divergência nos valores: o que eu falei que era um café especial, para eles não era; então ficamos naquele impasse”, diz Oliveira.

Essa foi a história que deu início à patente responsável pela seleção de grãos de café a partir da inteligência artificial. Oliveira teve a ideia de juntar esses conhecimentos com seu gosto pela degustação de cafés e foi nesse momento que pensou na possibilidade de utilizar algum método físico que quantificasse essa qualidade do café.

Como funciona?

A ideia do projeto foi usar a fluorescência, que faz parte da área da Óptica da Física, para subtrair informações da amostra de café e, a partir de um processamento de machine learning — que corresponde à capacidade da inteligência artificial de aprender —, é possível identificar a qualidade das amostras. “Eu pego o café em grão, não preciso mais torrar ele ou mesmo fazer infusão, coloco uma luz que vai interagir com o material e ela volta para um sensor. Quando eu recebo essa luz do sensor, eu consigo comparar a luz que é emitida frente a luz que é refletida e nisso eu consigo gerar um espectro”, explica Oliveira. Com esse espectro é possível aplicar modelos matemáticos, aplicar o machine learning e identificar se o café está mais próximo do café especial, do gourmet, do rio ou do riado.

A patente está na fase de validação e desenvolvimento de protótipo operacional. “Esse equipamento está sendo construído dentro do laboratório do grupo de Óptica na USP São Carlos. Nós estamos percebendo que existe muita abertura, que existem poucas descrições na literatura. Identificamos que somos o terceiro grupo no mundo a desenvolver uma tecnologia utilizando óptica e machine learning para quantificar o café”, comenta Oliveira.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo

Momento Tecnologia
Produção: Julia Estanislau, Guilherme Castro Sousa, Alessandra Ueno
Edição de som:  Bruno Torres
Produção geral:  Cinderela Caldeira
E-mail: [email protected]
Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35

Momento Tecnologia vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35 – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast  Veja todos os episódios do Momento Tecnologia

 

Fonte: JORNAL DA USP

 

 

 

 

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